Agroecologia

Segundo Molina (2011), o sistema alimentar está em uma grave crise causada pelo esgotamento do seu potencial produtivo e sua incapacidade para desempenhar as funções para a qual foi projetado. Enquanto um trecho muito importante da população mundial não atinge as calorias mínimas para manter seu corpo, fazendo com que a fome ea desnutrição em um fenômeno estrutural, a população dos países ricos é sobrealiemetada, assim, sofrendo sérios problemas de saúde e assumindo uma despesa extraordinária para os sistemas de saúde nacionais. De acordo com um relatório recém-divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, 2010), a agricultura é, pelo consumo de combustíveis fósseis, a atividade humana que causa sérios problemas ambientais. Este sistema é evidência, no entanto, os sintomas de exaustão, especialmente no campo da produção. Nos últimos anos temos vindo a assistir uma desaceleração em seu crescimento, em um contexto de aumento do consumo e da competição por terra entre diferentes usos da terra (alimentos, pecuária, energia, etc.)



O principal desafio é o de alimentar uma população em crescimento sem degradar a base de recursos naturais. Isto não seria possível sem uma alteração significativa no modelo de agricultura. A agricultura sustentável é a melhor maneira de conseguir isso. A necessidade de mudança para sistemas agrícolas mais sustentáveis requer uma mudança de abordagem, e a agroecologia fornece a alternativa teórica e prática.

A agroeccología surgiu no final dos anos setenta, em resposta às primeiras manifestações da crise ecológica no campo. O conhecimento que, no passado da humanidade, e até mesmo em culturas marginalizadas pela civilização industrial, poderia ser muitas lições para enfrentar os desafios de hoje, foi uma das razões para o surgimento, no âmbito ciência estabelecida, uma abordagem mais holística para processos agrícolas que chamamos de Agroecologia.

Para Molina (2010) a vocação da agroecologia é "analisar todos os tipos de processos agrícolas, no sentido amplo, onde os ciclos minerais, as transformações de energia, os processos biológicos e as relações sócio-econômicas são investigadas e analisadas como um todo. "



Para o Instituto de Desenvolvimento Ambiental Sustentável – IDEAS, a agroecologia é um sistema de produção agrícola alternativa que busca a sustentabilidade da agricultura familiar, resgatando práticas que permitam aos agricultores produzir sem depender de insumos industriais como agrotóxicos, o que a difere das práticas da agricultura convencional. Vai além das técnicas orgânicas de cultivo, pois inclui elementos ambientais e humanos, é, praticamente, um modo de vida que busca resgatar e valorizar o conhecimento tradicional da agricultura de base familiar. É uma disciplina que engloba princípios ecológicos básicos para estudar, planejar e manejar sistemas agrícolas que, ao mesmo tempo, sejam produtivos, economicamente viáveis, promovam a conservação dos recursos naturais e sejam socialmente justos.

Em relação à agricultura tradicional, a agroecologia se distingue ao utilizar os recursos naturais, permitindo a renovação do solo de forma natural e mantendo a biodiversidade, podendo se desenvolver por meio de sistemas florestais, onde combinam-se atividades extrativistas com a agricultura familiar sustentável, cuja construção da agroecologia implica no desenvolvimento de novos valores que fundamentem as relações dos agricultores familiares com o mercado, o que requer a criação de diferentes estratégias de organização e comercialização com base na solidariedade e na ética. Assim, é possível estabelecer uma aliança entre consumidores e produtores que seja socialmente justa.
Para Altiere e Nicholls(2012) a agroecologia usa conceitos ecológicos e princípios para a concepção e gestão de agroecossistemas sustentáveis, onde insumos externos são substituídos por processos naturais, como a fertilidade natural e controle biológico. A Agroecologia leva maior vantagem de processos naturais e interações positivas na exploração agrícola é a redução do uso de insumos externos e criar mais eficientes sistemas agrícolas. Princípios agroecológicos utilizados na concepção e gestão de agroecossistemas (Tabela 1) melhoram a biodiversidade funcional dos sistemas agrícolas que é essencial para a manutenção dos processos imunológicos, metabólicos e reguladores,  chaves para a função doagroecossistema.
 Tabela 1 – Princípios  agroecológicos para o desenho de sistemas agrícolas biodiversos, flexiveis, eficientes no uso da energia e conservadores de recursos.
Fonte: Altiere e Nicholls (2012)
REFERENCIAS
ALTIERE, Miguel A; NICHOLLS, Clara. Agroecología: única esperanza para la soberanía alimentaria y la resiliencia socioecológica. SOCLA, 2012. disponível em: http://www.agroeco.org/socla/archivos_documentos_claves/SOCLA-Rio+20-espanol.pdf

Instituto de Desenvolvimento Ambiental Sustentável – IDEAS. Manual de Agroecologia, nº 3, 2009. Disponível em: http://www.portalideas.org.br/portal/images/pdf/Junho2012/manualagroecologiafinal.pdf

MOLINA, Manuel González de. Introduccion a la Agroecologia. In____Cuadernos Técnicos SEAE.Serie: Agroecología y ecología agraria. Ed.:Sociedad Española de la agricultura Ecológica - SEAE, 2011.

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